Os textos desta seção foram extraídos e/ou adaptados do livro Xiloteca da Universidade Federal do Amazonas: Coleção Dr. Valmir Souza de Oliveira. Organizador: Mady, F.T.M. 2017. 36 páginas, Ilustrado. Editora Eco & Companhia. ISBN 978-85-67160-03-0. Todos os direitos reservados. All Rights reserved. Para utilizar partes deste texto, citar a fonte.
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O que é madeira
Conceitualmente, a madeira é um tecido orgânico, de origem vegetal, resultado da divisão de células especiais, denominadas células meristemáticas, presentes no caule das árvores, em uma região chamada câmbio vascular. A madeira é composta por células do xilema, e encontra-se presente no tronco, nas raízes e nos galhos das árvores. As palmeiras, por exemplo, não possuem câmbio vascular e, portanto, não apresentam crescimento secundário e nem formam madeira.
A madeira constitui-se, basicamente, de um sistema permeável, formado por canais microscópicos dispostos vertical e horizontalmente, por onde é feita a condução de água e sais minerais das raízes até a copa. É um material que apresenta considerável rigidez em relação à sua densidade máxima de 1,53 g/cm³. No que tange ao aspecto estético, é incrivelmente diversificada, apresentando inúmeras variações de cor, textura, formação de figuras e brilho. É relativamente fácil de trabalhar, podendo ser cortada e beneficiada com ferramentas simples.
A madeira é ainda heterogênea, anisotrópica e higroscópica, propriedades que a tornam um material único e objeto de variados estudos com a finalidade de compreender o seu comportamento e otimizar a sua utilização. A heterogeneidade, a anisotropia e a higroscopicidade são fatores que provocam uma série de problemas na indústria, quando se desconsidera o uso de metodologias que minimizem estes efeitos indesejados.
A fonte de madeira usada pela humanidade é obtida de 2 grandes grupos vegetais: coníferas e folhosas. As coníferas são importantes espécies produtoras de madeira e resina e, ponto de vista estrutural, possuem madeira bem menos complexa que das folhosas, basicamente uma combinação de traqueídeos e células parenquimáticas que formam os raios. Os traqueídeos são células alongadas e, em geral, orientadas verticalmente, responsáveis pela sustentação e condução de água e sais minerais da raiz até às folhas. O parênquima radial compreende um conjunto de células organizadas horizontalmente no sentido da casca até a medula.
Quando as folhosas surgiram, trouxeram grandes alterações morfológicas e fisiológicas, especialmente no tecido condutor, com novos tipos de células especializadas apenas em sustentação e outras apenas em condução (fibras e elementos de vaso, respectivamente).
A madeira possui estrutura tridimensional e pode ser visualizada em três planos orientados em relação ao eixo vertical da árvore:
Plano transversal – corresponde às extremidades, ou seja, ao topo e à base de um segmento de madeira. Nele é possível ver as aberturas (poros) das células condutoras de seiva bruta, conhecidas por elementos de vaso. Vê-se também o parênquima axial e as linhas radiais. A identificação macroscópica de madeiras baseia-se principalmente na observação do plano transversal.
Plano radial – é o plano paralelo às linhas de raio. No plano radial é possível ver o conjunto de células de raios e linhas vasculares.
Plano tangencial – É o plano que tangencia as camadas de crescimento, onde nota-se a abertura dos raios, se são baixos ou altos, se estão dispostos em camadas estratificadas ou não. É possível visualizar também as linhas vasculares.
Do ponto de vista químico, a madeira é composta basicamente por celulose, hemicelulose e lignina. Estas três substâncias têm uma grande importância para o planeta e para o homem, servindo como componente estrutural, fonte de alimento para outras espécies e ainda na economia global, quando comercializado na forma de madeira.
Outras substâncias químicas que participam da composição da madeira são os extrativos, tais como pigmentos, taninos, terpenos, graxas, ceras, compostos fenólicos, entre outros.
O caule de uma árvore apresenta 6 camadas distintas de fora para dentro: a casca, o floema, o câmbio vascular, o alburno, o cerne e a medula. Destas, o alburno e o cerne compõem a madeira que usamos. O alburno é a região mais periférica do caule, mais jovem e de cor mais clara. O cerne é a região mais central, mais antiga, durável e, geralmente, mais escura. Ambas diferenciam-se, entre outras características, pela cor, permeabilidade e nível de atividade fisiológica.
Em geral, quanto mais intensa for a cor do cerne, menos permeável ele será, pois a intensificação da cor deriva da oxidação de substâncias armazenadas na madeira, envelhecimento e obstruções causadas pelo acúmulo de compostos orgânicos no interior das células. Algumas espécies não apresentam essa diferenciação de tonalidade entre cerne e alburno, possuindo o que se chama de cerne fisiológico ou fisiologicamente ativo.